terça-feira, 30 de abril de 2013

A MÁQUINA HUMANA




Todos os dias ouço o som das máquinas,
É o corpo dos trabalhadores que se movem,
todos os dias... Dia e noite...
Em um movimento frenético,
Acordam,pegam condução,
trabalho - trabalho - trabalho
TRA - BA - LHO...

- Mulher,cuida da criança!
Arruma a casa, dorme?
A classe acorda novamente
para a labuta diária...

Ouço sempre a conversa de reclamação,
Trabalho, falta de ... tantas coisas,
Tem barulho de cansaço,
Eu sinto a dor da opressão.

Esse maio que vem todos os anos
é marcado por muita luta,
É marcado na pele da mulher e do homem,
Tem cheiro de suor e gosto de sangue,
Esse dia não vem apenas para lembrar,
Mas trás em si as feridas do trabalhador,
esse dia vem nos transformar,
tirar a mais-valia de quem sempre nos explorou.

MARA FARIAS

Feito hoje,ouvindo a conversa de duas empregadas domésticas no ônibus.

VIVA 1° DE MAIO E A LUTA DA CLASSE TRABALHADORA!

INTERESSANTE DE ASSISTIR:

https://vimeo.com/23105830

segunda-feira, 29 de abril de 2013

O QUE TEM DO OUTRO LADO


Em cima do morro da minha quebrada
o mangue consigo enxergar,
Lá do outro lado,na outra quebrada
A meninada vê o mar.

Eu vejo as ruas planas aqui,
do outro lado são muitas ladeiras,
Mas uma coisa em comum que senti
É a criançada inventando brincadeira.

Aqui tem mestres da cultura popular
lá tem samba enredo, quadrilha,
hip hop, e não tem espaço pra dançar...

Aqui tem uma cabocla
com a mística de uma lenda,
Daquele lado tem um mito
que ilumina nossas crenças.

A primeira vez que pisei naquele lugar
senti que os conhecia a muito tempo,
era gente como a gente e pareciam diferente
porque eu nunca me atrevi a passar por lá.

Nunca passei porque disseram que lá não tinha nada
talvez dissessem o mesmo pra o povo de lá,
E todo mundo viveu com o mesmo medo
até o dia de as duas quebradas se encontrar.

O pôr do Sol é o mesmo dos dois lados,
vi o céu alaranjado, os pássaros sobrevoando
seus ninhos, a molecada voltando pra casa
sujos da areia da rua, do morro e da praia...

MARA FARIAS

sábado, 20 de abril de 2013

A DOR QUE EM MIM HABITA



Olhem minhas mãos açoitadas pela opressão,
Meus olhos estão vazados pelos gritos do carão,
E minha cabeça foi partida só por eu ter dito NÃO!

Foi criada em mim uma ferida
no rosto,nas pernas, no pulmão,
Esta ferida já está em minha alma
Partida,sofrida,doída...
Já corroeu a minha transgressão.

Esta dor talvez não saia de mim
E ande comigo para sempre,
Eu não desejo este fim
para uma vida independente.

A maldade que me ocorreu
Não alarmou toda sociedade,
Disseram que foi minha culpa
A causa dessa crueldade.

Então lhes pergunto:
- O que fiz para tal agressão?
Ainda não percebeu,meu bom puritano
que sou feita de tantas coisas bonitas
E em mim há consciência e emoção?...

MARA FARIAS


quarta-feira, 17 de abril de 2013

AO PASSAGEIRO DO 83





Sou uma estrela que anda de cadeira de rodas,

Quando entro no ônibus, todo mundo olha.

Não sinto as pernas, mas tenho as mãos,

Eu penso, vejo,ouço e ainda sinto o coração.


Oi passageiro, não me olha como coitado!

Eu sou tão criminalizado por esta minha condição,

Já não tenho tanto espaço nessa sociedade segregadora...

Veja com maus olhos o empresário que aumenta o valor da passagem

e nos esmaga todos os dias com sua ganância opressora.



MARA FARIAS

PARA UM CARA QUE NÃO SEI O NOME,MAS TODO DIA USAMOS O MESMO ÔNIBUS.