Quantas vezes me
mataram
com palavras sujas de
lama?
Quantas vezes me
mataram
nas ruas lavadas de
sangue?
Quantas vezes me
mataram
com um golpe certeiro
de fuzil frio... no
peito?
Quantas vezes me
procuraram
em páginas do folhetim
diário?
DESAPARECIDA!PROCURA-SE!
ONDE ESTÃO MEUS
FILHOS?
Ai de quem fale sua
opinião,
Ai daquele que olhar de
lado
e ver a contradição...
Quantas noites dormi no
escuro
e cantei pra te
acalmar?
Te abracei como quem
embrulha
um filhote e dividimos
a pouca comida,
e por ter sobrevivido
não somos privilegiados,
Ainda lembro os gritos
dos mortos e desaparecidos,
dos amigos
torturados...
Mas ainda canto com
fervor a canção que me deixaram,
É a canção da
esperança cantada por aqueles que tombaram,
É a canção da
esperança cantada por aqueles que ficaram,
É a canção da
liberdade cantada por aqueles que acreditaram,
É a canção da
juventude que cantam por aqueles que lutaram.
MARA FARIAS