segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O ÚLTIMO POEMA

ERRO PERFEITO

Paulo Santos Corrêa Filho pertencia a uma família rica e seus pais nunca mediram esforços para dar ao filho o que ele queria. Aos quinze anos começou a fazer pequenos furtos com os amigos apenas por brincadeira. Na casa dos amigos da alta sociedade, a culpa era sempre das empregadas. Nunca foram pegos pela polícia, por que usavam terceiros em seus roubos. Parecia ser um bom rapaz diante a sociedade nobre, que viviam sob os privilégios da vida. Esse é o assassino de Larissa.
Fazia algum tempo que Paulo e os amigos rondavam os prédios do bairro que Larissa e Adriana moravam, passaram a semana observando o edifício Dom Bosco, procurando conhecer os horários dos moradores, meios de entrada, observou também o horário de dormir de cada condômino com seus comparsas. Perceberam que no segundo andar, um dos apartamentos sempre deixava a janela aberta, combinaram de assaltá-lo na madrugada do dia cinco de abril às duas horas.
Naquela noite, Paulo disse aos dois amigos que o esperasse na rua ao lado do prédio. Ainda estava em casa se arrumando para sair, passou na sala e beijou a mãe.
- Aonde vai meu amor?
- Numa festa com os amigos.
- Cuidado com as amizades!
- Pode deixar mãe. Dá um beijo no pai por mim.
Para disfarçar, Paulo foi a uma boate antes de fazer o roubo. Acendeu um cigarro, pegou uma cerveja e entrou na pista de dança. Viu uma mulher dançando com um rapaz, resolveu puxá-la para dançar, agarrou sua mão forte, sem ela querer ficar perto dele.
- Vamo dançar, gatinha!
- Me solta!
- Solta ela, cara!
-A biba vai fazer o quê?
O rapaz deu um soco no nariz de Paulo, espirrou sangue, ele quis revidar, mas os amigos do outro rapaz o seguraram e expulsaram-no da boate.
- Ainda pego aquele gay! – e saiu em direção ao Edifício Dom Bosco, o sangue ainda escorria de seu nariz, ele passava na frente do edifício quando um homem o abordou oferecendo ajuda:
- Precisa de ajuda rapaz? O que aconteceu?
- Me larga! Não preciso da ajuda de um empregado!
- Calma, a escravidão já passou. Quero apenas ajudar.
- Solta, negro safado!
- Preconceito é crime!- falou se afastando.
- Não enche! – ele sussurrou e não demorou chegar onde os amigos o esperavam.
- O que aconteceu, cara?
-Nada. Fiquem aqui em baixo. Eu subo dessa vez e pego o que tiver de valor...
- Boa sorte. – Eles riram e fizeram um gesto de cumprimento.
- Valeu.
Paulo escalou o prédio, chegou ao segundo andar, afastou as cortinas delicadamente e entrou na casa bagunçando todas as coisas sem fazer barulho.
- Droga! Esqueci as luvas. Agora é tarde... – continuou a caminhar esquivo. Sem querer, bateu a perna numa mesinha e derrubou uma bola de vidro que se espatifou no chão, ele pulou de dor. Percebendo os passos de alguém pela casa sacou uma arma da cintura, calibre trinta e oito, e apontou para onde vinham os passos, a pessoa tentou acender a luz, ele atirou antes que ela pudesse o fazer, e correu para a janela sem nada levar.
Paulo estava assustado ao descer do prédio, seus amigos perceberam a sua palidez.
- Aquilo foi um tiro?
- Acho que matei alguém!
- Você ficou louco? ROUBAMOS SÓ DE BRINCADEIRA, ZOAÇÃO!
- Fala mais baixo, idiota! Quer que nos escutem? Eu não sei o que aconteceu.
- Vamos sair daqui, eu com medo...
- Tenho uma idéia melhor, fiquem aqui e esperem alguma notícia. Me liguem, se virem qualquer coisa.
- Vai logo, cara!
- Valeu. - Paulo entrou no carro vermelho que os amigos estavam e foi embora nervoso.
Os amigos de Paulo viram todos os movimentos de perto, camuflados entre os curiosos, viram até o momento que levaram uma moça ao camburão nos braços de dois policiais.
- Vamos embora, antes que venham nos perguntar alguma coisa.

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