sábado, 31 de dezembro de 2011

O que acho de você

Não vou falar de nada triste,
Nem de amores perdidos,
Quero descrever algo sublime,
Quero falar de algo bonito.

A alegria que sai de seus poros,
A extravagância de seu sorriso,
Quando ponho a cabeça em teu colo
Parece que nada está perdido.

Sua força me dá coragem para lutar,
Sua esperança nas pessoas também,
A alegria que em mim está,
É a vontade de te querer bem.

Você me ensina com tua experiência,
Você me inspira bravura e dormência,
Você me cativa candura e ardência,
Você é uma luz que ilumina minha estrada
E que nunca se apaga...

MARA FARIAS

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Por falta do que escrever, deixo aqui esses pequenas poesias, simples,mas que acalmaram meu cérebro maluco nas noites de inspiração.

Óbvio

Meu coração bate tantas vezes que eu nem sinto,
Mas isso é tão óbvio, meu amigo!
Isso é como respirar, suspiramos sem parar,
Você nunca parou para pensar?
É como a fotossíntese que não cessa o seu ciclo...




Quantas vezes não sei

Quantas vezes contei as horas para te ver?


Quantas vezes eu falei que te amo?

Quantas vezes vi o entardecer ao teu lado?


Quantas vezes acordei com teu sorriso medonho?


Quantas vezes falei das tuas virtudes?


Porque nunca disse?


Você não existe!


Tornou-se poeira dentro do mar,


Uma fagulha que não consigo encontrar,


Você está dentro de mim


por isso não consigo enxergar.



MARA FARIAS

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Em nome das demais companhias

Não discriminemos as borboletas,
Nem as rosas, nem os tucanos,
Não discriminemos o Sol,
Nem o verde, nem as estrelas.

Porque são símbolos bonitos,
Fazem parte da natureza,
E merecem o nosso respeito
Como tudo que vemos com estranheza.

São coisas que existem há mais tempo que a gente,
A borboleta que significa transformação,
A rosa que exala perfume ardente,
Os tucanos de bicos bonitos,
O Sol com seu brilho intenso,
O verde que alimenta o povo,
As estrelas que guardam histórias...

Não discriminemos os sonhos e utopias,
Nem as almas mortas pelas guerras,
Não discriminemos as místicas embebidas de poesia,
Nem os vivos que pedem anistia.

Não acabemos a primavera
Merecemos dias mais belos,
Não acabem os santos nomes
Pois até esse dia chegar será uma grande espera.


MARA FARIAS

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O significado da vida


A vida é como o mar
Que a gente aproveita para nadar
Fazer nada, curtir a água, correr
Viramos areia fina que volta sem envelhecer.

A vida é como um diário
Que guardamos segredos,
Escrevemos nossos maiores medos,
Guardamos coisas que fizemos errado.

A vida é como um barco
No qual navegamos para tantos lugares,
Lugares bonitos, fartos e estranhos,
A âncora é um objeto inanimado...

A vida é um grande baú
De lembranças do passado,
A chave é o coração
Que mantém tudo que vivemos trancado.

A vida é o Sol que brilha todas as manhãs,
Mesmo que chova e fique nublado,
Ajudamos na fotossíntese das árvores
E aquecemos o animal do mato fechado.

MARA FARIAS

sábado, 19 de novembro de 2011

Sorri - Conto da Noite Triste

Sorri - Djavan
Sorri

Quando a dor te torturar

E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos, vazios
Sorri
Quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador
Sorri
Quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados, doridos
Sorri
Vai mentindo a tua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz

Sorri – conto da noite triste

Mônica voltava no hospital segurando em suas mãos um exame de coração que havia feito há algumas semanas, ela tinha acabado de completar seus 25 anos e estava terminando de cursar a faculdade de serviço social.
Antes que eu possa contar a sua triste história, quero explicar algumas coisas que não serão explicitadas ao decorrer desse conto.
Começando por seu nome, Mônica, que significa sozinha. Isso mesmo, e não me perguntem por que sua mãe pôs esse nome, porque nem ela soube responder, encontrou em uma revista de modas e achou bonito. Devia ser o rosto alegre das modelos esqueléticas que escondiam a vontade brutal de comer qualquer coisa que vissem ou a vontade de correr para a casa dos pais.
Deixando um pouco de lado essa conversa sobre nomes, que na verdade não serve para acrescentar em nada nessa história, vamos voltar à heroína desse conto: Mônica!
O exame já tinha sido aberto no hospital público onde o fizera. Ela sabia o que o médico havia dito com aquela arrogância de sempre. – Minha filha, ou você faz a cirurgia ou morre!
Essa frase talvez já tivesse matado Mônica por dentro, por que foi tão fatal que ela nem pôde responder a altura. Pensou em dizer: - Se pelo menos o serviço público funcionasse, eu faria a cirurgia amanhã mesmo, mas antes vou ter de entrar numa fila de espera e sinceramente, não sou prioridade para o SUS!
Mas não o disse, ficou calada em sua insignificância civil, sorriu e disse - obrigada pela ajuda
Esperou o ônibus numa parada que não tinha cobertura, sua cabeça fervia, mas não reclamou. Olhou para a luz do Sol e sentiu saudade do tempo que não tinha consciência dos problemas que a rodeava.
No ônibus, o telefone toca. Mônica atende sorrindo de alegria e fala com entusiasmo: - Que saudade! O que temos para hoje?... Tá bom, eu irei sem falta! Está tudo ótimo! Abraço. O sorriso manteve-se em seu rosto com o que a pessoa falou do outro lado da linha demonstrando aquilo que todos queriam ver, supondo ser feliz a amargura que nas noites vazias devera sente.

Mara Farias

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Quando você chegar

Quando você chegar
Direi em poucas palavras:
- Você é livre!

Quando você chegar
Farei uma festa de comemoração
E cantarei um novo hino de saudação.

Quando você chegar
Vestirei roupas novas
Vermelhas ou lilás.

Quando você chegar
Escreveremos uma nova história
E esqueceremos aquele passado.

Quando você chegar
Construiremos novamente toda nossa vida,
Tudo em nós será novo!

Quando você chegar
Será um dia iluminado
Carregado de muita espera,
Esperança e sonhos.

Quando você chegar
Será um dia alegre
Distribuirei rosas ao povo
E declararei amor a ti!

Quando você chegar
Lembraremos das nossas aventuras conjugais
E sentiremos saudade daquele nosso amor ardente.

Quando você chegar
Descansarei em teu colo
Como a muito não fazia.

Até você chegar
Esperarei com muita empolgação,
Não cansarei de lutar para que você venha,
Serão dias de torrencial emoção,
Tomarei uma dose de utopia todos os dias,
Farei com que tua memória não acabe
E não te esqueçam!

Até você chegar
Falarei a todos das suas virtudes,
Cantarei nossas músicas de amor
E nunca esquecerei as suas palavras
De carinho dizendo:
- Não deixe de acreditar!

MARA FARIAS


segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O ÚLTIMO POEMA

CARPIE DIEM

          Era noite, Seu Nilo estudava na calçada do prédio. Era aquela mesma noite. Viu aquele mesmo rapaz passando com o nariz sangrando, era Paulo, mas ele pedia ajuda.
- Ei! Rapaz! O que aconteceu?
- Eu fui assaltado. Levaram tudo, até o carro, eu não tenho nem como voltar para casa... – ele se apoiava no ombro de Seu Nilo.
- Venha comigo. Vamos limpar esse nariz, tomar um café para esquentar. Você tem que ligar para seus pais, eles devem estar preocupados!
- Obrigado senhor...
- Pode me chamar de Nilo!- ele o carregava devagar para sua casa.
A casa das meninas estava limpa, não tinha sangue no chão, o centro estava no mesmo lugar, a bola de vidro também.
Adriana havia encontrado o escapulário e corrido ao encontro da amiga para agradecer o presente. Larissa estava olhando o teto, ela teve um susto quando a amiga entrou de supetão.
-Que susto Adriana!
-Você é demais! – Adriana sentou ao lado da amiga.
- Que alegria é essa?
- Só você pra me dar esse presente maravilhoso, obrigada!
- Pra você usar no seu casamento.
- Obrigada por tudo, mesmo.
- Ás vezes, as palavras valem menos que os gestos. – elas se abraçaram.
- Tenha uma boa noite com seu namorado virtual! – Adriana apontou para o computador apitando.
Larissa pulou da cama e sentou a frente da escrivaninha e Adriana saiu.
- O q tá fazendo?
- Tocando 1 música p vc.
- Depois qro escutar...
- O q ñ faço por vc?... eu tenho algo a dizer...
- O q?
- Eu conheço vc.
- Eu sei.
- Eu moro perto da sua ksa.
- Pq vc nunk me disse?
- Eu tinha medo. Mas agora eu me encorajei a dizer qm eu sou.
- E qm é vc?1 tarado?Louco?
- Sempre fui apaixonado por vc. Sou César o vizinho q mora na ksa da frente.
- Quando eu contar até três, a gente corre pra rua!
- 1 -2-3...
Os dois saíram correndo agoniados com os obstáculos, Adriana assustou-se com o barulho da correria, mas não alcançou a amiga, ficou olhando pela janela. César também correu como um louco, desesperado.
Chegaram à calçada e pararam cansados, caminharam devagar, e pela primeira vez, Larissa o olhou com olhos de apaixonada, seguram as mãos, sentiram tremer, era o vento frio. Eles riram meio envergonhados e se abraçaram com um beijo. Depois saíram pela rua andando e conversando sem pensar no tardar das horas.

“Como a vida vale mais que a própria vida sempre renascida.”
Carlos Drummond de Andrade

FIM!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O ÚLTIMO POEMA

O QUE RESTA DE MIM

Larissa morreu. Ainda estava deitada na cama da sala de cirurgia. As marcas da morte já eram aparentes: a palidez e a rigidez dos músculos, os dedos e os olhos arroxeados, nada se movia. A porta estava trancada, alguns minutos após a sua morte veio uma mulher da limpeza, olhou para Larissa e exclamou: - Tão nova... – e continuou o seu serviço, era comum ver óbitos como esse.
Depois a mulher da limpeza saiu do quarto com um saco de lixo.
Um homem alto e forte entrou em seguida, ele estava vestido de branco, como um médico. O homem pegou uma cadeira de plástico que estava no canto da sala atrás da porta, pôs ao lado da cama e sentou. E em seguida, pegou a mão gelada de Larissa e chamou-a: - Larissa... – e repetiu mais uma vez.
E como por um milagre, Larissa abriu os olhos, uma forte luz invadiu sua retina deixando-a zonza e continuou deitada olhando a luz forte que vinha do teto.
- Onde estou? Quem é você?
- Pergunta freqüente. A maioria das pessoas diz isso depois que acorda, a pergunta mais inusitada que escutei foi um rapaz que perguntou se eu era chefe de cozinha!
Larissa riu, mas sentiu uma dor no peito e viu um curativo encharcado de sangue.
- O que aconteceu comigo?
- Você não lembra?
E tudo o que aconteceu apareceu como um flash back rápido, ela lembrou. Larissa pôs a mão no peito, lembrando de Adriana, do notbook, do tiro... A vinda para o hospital, o coração parando... A morte...
- Mas eu nem casei, nem tive filhos, eu sou tão jovem para morrer!
- Larissa. Você está morta!
- E o que eu estou fazendo aqui? Acordada, conversando... É um sonho?
- Não. Não é sonho. Eu fui enviado para decidir o seu futuro e você vai me ajudar.
- Que futuro?Eu estou morta!
- Vamos fazer uma viagem no tempo. – o homem pegou em sua mão e levou-a em direção a porta pela qual ele havia entrado. Foram parar numa sala minúscula, e tinha lugar para apenas três pessoas, as paredes azuis e os móveis brancos.
- Onde estamos?
- Você pergunta demais. Quando eu abrir aquela porta, você verá toda sua vida...
              - Eu estou com medo!
- Todos têm medo de lembrar o passado.
Larissa respirou forte e seguiu em direção à segunda porta, segurou a maçaneta e entrou num corredor escuro, o homem entrou atrás dela. A única luz que iluminava eram telões pendurados nas paredes.
O primeiro telão ligou sozinho e Larissa pôde ver o seu nascimento. Ela chegou mais perto e tocou-o, a boca aberta e lágrimas nos olhos.
- Eu nascendo... Porque você ta mostrando o meu nascimento? – ela não parava de olhar aquela cena.
- Quando você nasceu sua estória começou a ser escrita. Esse é o momento mais importante da sua vida. Veja como a sua mãe está feliz!
- Eu sou muito feliz por ter uma mãe como ela. Eu lembro do meu pai brigando com a mamãe porque eu e Pedro sempre aprontávamos. Mas eles sempre se respeitaram!
Eles seguiram o caminho e mais uma tela ligou, mostrou o primeiro dia de aula, Larissa tinha cinco anos, segurava as mãos dos pais, era pequena e indefesa.
- Eu tava tão nervosa nesse dia...
- Seus pais também estavam. – Ele riu e bateu no ombro dela.
Eles pularam vários telões e pararam em um que mostrava os dez anos de Larissa, quando ela conheceu Adriana, elas eram vizinhas e tornaram-se grandes amigas.
- Você está bem?- o homem perguntou.
- São momentos como esses que eu percebo o quanto precisamos das pessoas, somos todos importantes...
- Se você quiser, podemos parar.
- Não. Vamos continuar.
Aos doze anos, Larissa menstruou e deu o primeiro beijo, aos treze se maquiou e foi à primeira festa sozinha, aos quinze, debutante e teve seu primeiro namorado. Larissa viu quando ajudou no namoro de Adriana e João Antônio. Essas cenas todas foram mostradas, algumas ela nem lembrava mais, ela ria com lágrimas nos olhos ou chorava com um sorriso nos lábios.
Aos dezoito, prestou vestibular e mudou-se para o apartamento de Adriana, a imagem da mudança congelou.
- Porque parou? – Larissa perguntou.
- Você sabe quem é esse rapaz?
- O vizinho que mora em frente. Não me diga que ele me matou?
-Você nem desconfia o que ele representa na sua vida?
A imagem descongelou e ela viu o dia o dia em que os dois começaram a conversar pela internet e ficou surpresa com a descoberta.
- Ele estava o tempo todo ao meu lado e eu não o vi. – Larissa levou a mão à boca.
E após aquela cena, Larissa viu o resto de sua vida até o dia de sua morte.
- Eu não acredito que o rapaz que me matou é um burguês safado! Como podem roubar por diversão? Eles merecem umas boas palmadas para aprender o que é dignidade! Só por ter dinheiro acham que podem fazer e desfazer?
- O que você quer fazer agora?
- Como assim? Eu estou morta, esqueceu?
- Em algum momento de sua vida, você nunca pensou em voltar no tempo e mudar o que disse, fez ou deixou de fazer?
 - Sim...
- Lembrando que você só poderá fazer três pedidos.
- Na verdade, eu gostaria de voltar no tempo agora e não deixar aquele rapaz ter tratado Seu Nilo daquela maneira. Eu quero que ele nunca tenha conhecido meu irmão, que seja um homem bom!
- Não quer mudar mais?
- Eu já pedi as três mudanças...
- Larissa, você pediu todas as mudanças para o homem que te matou e essa é atitude de poucos. Você poderá voltar!
Larissa vibrou de alegria e abraçou o homem.
- E quanto a César?
- Pode deixar como estávamos, acredito que aconteceria algo inacreditável quando fomos interrompidos... Pensei em mudar o mundo, mas eu não posso com tanto. As pessoas precisam se conscientizar e tentar mudar também. Mudar o mundo não cabe só a mim, cabe a todos nós. Eu agradeço, mas não posso mudar mais nada.
- Então o sonho acabou?
- Não. O sonho só está começando!
- O seu pedido é uma ordem!

domingo, 30 de outubro de 2011

O ÚLTIMO POEMA

A PERÍCIA

Depois de os policiais terem levado Larissa para o hospital, Seu Nilo voltou ao apartamento das meninas e encontrou apenas um policial desligando o telefone.
- Chamei o investigador. Agora, permaneça aqui para o perito falar com o senhor.
- Eu espero. Posso ligar para minha esposa? Quero informar que vou demorar...
- Claro.
O policial ligou para João Antônio, perito em casos de homicídios e assaltos. Era o noivo de Adriana. Estava dormindo no momento do acontecimento, acordou apenas quando o telefone que estava no chão tocou, era um policial: - Não tinha um momento melhor para ligar?...O quê?...- Ele sentou. - É na casa da minha noiva! Eu indo... Não toque em nada... Sim... E eu chamo a minha equipe!
Desligou o telefone com a calça jeans na metade das pernas:- Alô? Raissa querida desculpe incomodar a sua noite de amor... Eu sei! O negócio é sério. Vá correndo... É na casa de Adriana... Valeu!
Aos poucos, os curiosos foram saindo, João Antônio chegou ao mesmo momento que sua assistente.
- O que aconteceu? – Perguntou Raíssa.
- Ainda não sei. Parece que um assalto com assassinato...
- Típico de um iniciante...
- É o que vamos ver.
Um policial se aproximou dos dois: - O senhor é o responsável pela investigação?
- João Antônio.
- Vamos à cena do crime.
João e Raissa conversaram com Seu Nilo e o deixaram ir embora. O policial também foi interrogado. Apanharam provas no local que aconteceu o crime, havia uma poça de sangue entre o corredor e o centro da sala, uma bola de vidro espatifada no chão, o centro estava um pouco afastado. Encontraram pegadas de sapato que contornavam a sala e davam direto na janela que estava aberta. João resolveu ir ao quarto de Larissa, e logo encontrou o notbook ligado, ao mexer o mouse, viu que Larissa estava conversando com alguém.
- Raissa, pegue o notbook! Vou visitar um amigo!
César ainda estava sentado em sua poltrona verde, vendo as fotos que tirou dos assaltantes, a campainha tocou, ele ficou um pouco assustado – Quem seria àquela hora da noite? – Foi até a porta e perguntou quem era.
- Detetive João Antônio!
César abriu a porta ainda assustado.
- Quero fazer algumas perguntas... Você viu o que aconteceu no prédio aí da frente?
Sim... Eu quero que você veja isso! – César mostrou a câmera.
- São provas importantíssimas!
- E levam direto aos criminosos! – disse César.
- Preciso levar a sua câmera!
- Pode levar.
- Obrigado pelas provas!
João saiu olhando as fotos, ele já estava na porta do edifício quando o seu celular tocou, era Raissa: - Você não sabe o que encontrei! – disse o detetive.
- Então venha depressa, você também não vai acreditar!
Em pouco tempo, João chegou ao apartamento da noiva. Raissa estava na janela.
- O nosso ladrão estava sem luvas!
- Encontramos nosso ladrão!
- Como assim?
- Um rapaz me deu provas concretas do autor desse crime. – ele mostrou a câmera.
- Só falta saber o nome dele!
- Vamos embora, não precisamos de mais nada, o que temos é suficiente. Pegou as digitais? Vamos comparar com as dos outros crimes.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O ÚLTIMO POEMA

NOITE SEM LUAR

César estava acompanhando de fora, como um espectador, ou melhor, uma testemunha ocular. É um conhecido de Larissa e Adriana, mora numa casa de frente para o Edifício Dom Bosco. Eles passavam um pelo outro e se cumprimentavam com, “bons dias”, “oi”, “tudo bom?” Ela nem sabia o nome dele!
Mas César tinha um segredo: uma paixão secreta por Larissa, eles conversavam pela internet e ela não sabia.
Naquela noite, ele resolveu contar à Larissa de sua paixão, quando fosse falar com ela pela internet. Seria difícil, pois ele nunca foi tão corajoso como agora. A noite estava devagar e pacata, o vento não balançava a copa das árvores, estava quente naquele dia de outono que mais parecia verão. A lua não apareceu, era lua nova. César começou a pensar no que diria a Larissa. O que ela iria pensar? Ele estava em seu quarto, deitado na cama, a janela aberta de frente para o apartamento de Larissa, havia uma câmera fotográfica na escrivaninha perto do computador, tocava um violão enquanto lembrava-se do dia que a conheceu.
Era uma tarde nublada Larissa tirava muitas malas de um carro com Adriana, eram pesadas, ele estava passando na calçada e ela pediu-lhe ajuda:
- Ei! Você pode nos ajudar com essas malas?
Ele não respondeu, mas ajudou. Levou as malas até a sala e acomodou-as no canto da porta.
- Obrigada. Você mora aqui perto?- e antes que ele pudesse responder Adriana o fez.
- Ele é nosso vizinho. Mora aí na casa da frente.
- Prazer. Larissa. E você?
-... César.
- Pois é. Eu sou a sua nova vizinha.
- Tchau.
Voltou de seus pensamentos rindo do que aconteceu naquela época. Recordou de outro acontecimento, quando voltando da faculdade com um monte de livros, ela mais uma vez pediu a sua ajuda.
- César! É o seu nome não é?
- Precisa de ajuda?
- Parece que eu só preciso de você quando estou com alguma coisa pesada. – ela passou alguns livros para ele.
- Eu não me importo.
- Você é um homem bom. Sabia?
Ele a acompanhou até a porta do apartamento e despediu-se.
Um dia, mexendo nas páginas de relacionamento da internet encontrou Larissa, teve a idéia de conversar com ela sem se identificar. E deu certo. Todas as noites, eles conversavam, um aconselhava o outro, foi o início de uma grande amizade.
No horário marcado, mandou uma mensagem para Larissa, ela respondeu:
- O q tá fazendo?
- Tocando 1 música p vc.
-Depois qro escutar...
- O q ñ faço por vc?... eu tenho algo a dizer...
- O q?
-Eu conheço vc.
-Eu sei.
-Eu moro perto da sua ksa.
- Pq vc nunk me disse?
- Eu tinha medo. Mas agora eu me encorajei a dizer qm eu sou.
- E qm é vc?1 tarado?Louco?
- Sempre fui apaixonado por vc. Meu nome é César o vizinho q mora na ksa da frente.
Mas Larissa não respondeu. Antes que ele pudesse terminar de escrever ouviu um barulho parecido com um tiro, e depois ouviu gritos, olhou pela janela e viu um homem descendo rapidamente o prédio em que as meninas moravam. Pegou a câmera fotográfica na escrivaninha perto da janela e conseguiu tirar fotos dos rapazes que estavam em baixo e do que acabava de descer. César era um ótimo fotógrafo, fazia por hobby, mas era editor numa revista.
Nos minutos seguintes, César viu Seu Nilo sair e pedir ajuda a uns policias em serviço. Um aglomerado de gente se fez na porta do Edifício Dom Bosco, ele preferiu ficar em casa vendo da janela e tirando fotos. A vítima saiu nos braços dos policiais, o sangue escorria dos dedos, o coração do rapaz saltou, era Larissa quase morta. As lágrimas vieram, ficou imóvel por alguns segundos, depois  sentou-se numa poltrona verde, calado, mergulhado em seus pensamentos, sentindo que foi tarde demais a sua coragem para se declarar.



''Hoje a noite não tem luar
E eu estou sem ela...''
(Renato Russo)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O ÚLTIMO POEMA

ERRO PERFEITO

Paulo Santos Corrêa Filho pertencia a uma família rica e seus pais nunca mediram esforços para dar ao filho o que ele queria. Aos quinze anos começou a fazer pequenos furtos com os amigos apenas por brincadeira. Na casa dos amigos da alta sociedade, a culpa era sempre das empregadas. Nunca foram pegos pela polícia, por que usavam terceiros em seus roubos. Parecia ser um bom rapaz diante a sociedade nobre, que viviam sob os privilégios da vida. Esse é o assassino de Larissa.
Fazia algum tempo que Paulo e os amigos rondavam os prédios do bairro que Larissa e Adriana moravam, passaram a semana observando o edifício Dom Bosco, procurando conhecer os horários dos moradores, meios de entrada, observou também o horário de dormir de cada condômino com seus comparsas. Perceberam que no segundo andar, um dos apartamentos sempre deixava a janela aberta, combinaram de assaltá-lo na madrugada do dia cinco de abril às duas horas.
Naquela noite, Paulo disse aos dois amigos que o esperasse na rua ao lado do prédio. Ainda estava em casa se arrumando para sair, passou na sala e beijou a mãe.
- Aonde vai meu amor?
- Numa festa com os amigos.
- Cuidado com as amizades!
- Pode deixar mãe. Dá um beijo no pai por mim.
Para disfarçar, Paulo foi a uma boate antes de fazer o roubo. Acendeu um cigarro, pegou uma cerveja e entrou na pista de dança. Viu uma mulher dançando com um rapaz, resolveu puxá-la para dançar, agarrou sua mão forte, sem ela querer ficar perto dele.
- Vamo dançar, gatinha!
- Me solta!
- Solta ela, cara!
-A biba vai fazer o quê?
O rapaz deu um soco no nariz de Paulo, espirrou sangue, ele quis revidar, mas os amigos do outro rapaz o seguraram e expulsaram-no da boate.
- Ainda pego aquele gay! – e saiu em direção ao Edifício Dom Bosco, o sangue ainda escorria de seu nariz, ele passava na frente do edifício quando um homem o abordou oferecendo ajuda:
- Precisa de ajuda rapaz? O que aconteceu?
- Me larga! Não preciso da ajuda de um empregado!
- Calma, a escravidão já passou. Quero apenas ajudar.
- Solta, negro safado!
- Preconceito é crime!- falou se afastando.
- Não enche! – ele sussurrou e não demorou chegar onde os amigos o esperavam.
- O que aconteceu, cara?
-Nada. Fiquem aqui em baixo. Eu subo dessa vez e pego o que tiver de valor...
- Boa sorte. – Eles riram e fizeram um gesto de cumprimento.
- Valeu.
Paulo escalou o prédio, chegou ao segundo andar, afastou as cortinas delicadamente e entrou na casa bagunçando todas as coisas sem fazer barulho.
- Droga! Esqueci as luvas. Agora é tarde... – continuou a caminhar esquivo. Sem querer, bateu a perna numa mesinha e derrubou uma bola de vidro que se espatifou no chão, ele pulou de dor. Percebendo os passos de alguém pela casa sacou uma arma da cintura, calibre trinta e oito, e apontou para onde vinham os passos, a pessoa tentou acender a luz, ele atirou antes que ela pudesse o fazer, e correu para a janela sem nada levar.
Paulo estava assustado ao descer do prédio, seus amigos perceberam a sua palidez.
- Aquilo foi um tiro?
- Acho que matei alguém!
- Você ficou louco? ROUBAMOS SÓ DE BRINCADEIRA, ZOAÇÃO!
- Fala mais baixo, idiota! Quer que nos escutem? Eu não sei o que aconteceu.
- Vamos sair daqui, eu com medo...
- Tenho uma idéia melhor, fiquem aqui e esperem alguma notícia. Me liguem, se virem qualquer coisa.
- Vai logo, cara!
- Valeu. - Paulo entrou no carro vermelho que os amigos estavam e foi embora nervoso.
Os amigos de Paulo viram todos os movimentos de perto, camuflados entre os curiosos, viram até o momento que levaram uma moça ao camburão nos braços de dois policiais.
- Vamos embora, antes que venham nos perguntar alguma coisa.

sábado, 22 de outubro de 2011

O ÚLTIMO POEMA

SAUDADE APERTA O CORAÇÃO

Quando Pedro e Larissa saíram de casa para estudar, seus pais ficaram sozinhos, sem nada para fazer, já estavam aposentados e “sentiam-se velhos demais para estar por aí, como ‘’adolescentes”.
Estavam em casa, como sempre, assistindo televisão.
- O que vamos fazer hoje?- perguntou o velho.
- Hoje é o último capítulo da novela, quero saber quem é o assassino do pai da Claudia...
- Todo dia, quando a noite chega, sentamos nesse sofá e assistimos novela. Não temos outra coisa para fazer?
- Somos velhos. E quando a velhice chega, o cansaço chega junto e nada dá para se fazer...
- Estamos morrendo sentados aqui. - ele sentou perto dela triste. Ela desligou a televisão.
- O que você propõe que façamos esta noite?
- Tire esta camisola, vamos ao teatro!
A velha fez o que o marido pediu. Vestiu um vestido florido, acrescentou um batom vermelho nos lábios e brincos perolados. Saíram de mãos dadas, como não faziam há tempos. Pegaram um táxi até o teatro que não era muito longe de onde moravam. Estava quase lotado, mas conseguiram um bom lugar na platéia. Era uma comédia, eles riram muito. Identificaram no palco alguns amigos que também estavam aposentados, como eles, já que a peça era formada apenas por idosos. Foram convidados a subirem no palco, no início, a velha estava envergonhada, mas o marido tanto insistiu que ela aceitou subir. O mais engraçado é que tudo era improvisado, os dois riam o tempo todo, a velha deixou de se sentir velha e passou a se sentir Joana enrolada com lenços e fantasiada de borboleta e o velho tornou-se Agenor recitando poesias engraçadas para o povo rir. No fim, foram muito aplaudidos. No camarim conversaram com seus amigos:
- Queremos agradecer por vocês terem vindo nos prestigiar.
- Nós que agradecemos. Senão, estaríamos em casa assistindo novela!
- E é por isso que queremos fazer um convite...
- Se for para ver vocês novamente, já somos seus fãs!
- Queremos que vocês participem do grupo de teatro. E não aceitamos “não” como resposta!
- Pode nos esperar para os ensaios, não vamos faltar!
- Vocês vão amar!
- Adoraríamos ficar conversando, mas temos que ir. Vamos querida?
- Nem vi o tempo passar. Me sinto jovem outra vez.
- E quem disse que não somos jovens?
O telefone tocava quando chegavam a casa, Joana atendeu. Era Pedro, seu filho: - Mãe?
- Oi meu amor... Você não sabe...
- Aconteceu o pior...
- Foi com sua irmã? Não me assusta, filho! Bateram em você?
- O que aconteceu?- perguntou o pai.
- Não é comigo. Larissa levou um tiro, já a levaram para o hospital...
- Como aconteceu? – Joana sentou-se no sofá e começou a chorar.
- Assalto... - o pai sentou ao lado da mulher e a abraçou sem saber o que tinha acontecido.
- Já estamos indo!
- Tchau!- Cuide da sua irmã até eu chegar aí... – desligou o telefone imediatamente.
- O que aconteceu?
- Larissa levou um tiro!- ela ainda estava chorando.
- O quê? Onde?
- Não sei, parece que foi um assalto! – eles se abraçaram.
- Meu Deus. Que mundo é esse?
- Vamos logo para o hospital...