sábado, 19 de novembro de 2011

Sorri - Conto da Noite Triste

Sorri - Djavan
Sorri

Quando a dor te torturar

E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos, vazios
Sorri
Quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador
Sorri
Quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados, doridos
Sorri
Vai mentindo a tua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz

Sorri – conto da noite triste

Mônica voltava no hospital segurando em suas mãos um exame de coração que havia feito há algumas semanas, ela tinha acabado de completar seus 25 anos e estava terminando de cursar a faculdade de serviço social.
Antes que eu possa contar a sua triste história, quero explicar algumas coisas que não serão explicitadas ao decorrer desse conto.
Começando por seu nome, Mônica, que significa sozinha. Isso mesmo, e não me perguntem por que sua mãe pôs esse nome, porque nem ela soube responder, encontrou em uma revista de modas e achou bonito. Devia ser o rosto alegre das modelos esqueléticas que escondiam a vontade brutal de comer qualquer coisa que vissem ou a vontade de correr para a casa dos pais.
Deixando um pouco de lado essa conversa sobre nomes, que na verdade não serve para acrescentar em nada nessa história, vamos voltar à heroína desse conto: Mônica!
O exame já tinha sido aberto no hospital público onde o fizera. Ela sabia o que o médico havia dito com aquela arrogância de sempre. – Minha filha, ou você faz a cirurgia ou morre!
Essa frase talvez já tivesse matado Mônica por dentro, por que foi tão fatal que ela nem pôde responder a altura. Pensou em dizer: - Se pelo menos o serviço público funcionasse, eu faria a cirurgia amanhã mesmo, mas antes vou ter de entrar numa fila de espera e sinceramente, não sou prioridade para o SUS!
Mas não o disse, ficou calada em sua insignificância civil, sorriu e disse - obrigada pela ajuda
Esperou o ônibus numa parada que não tinha cobertura, sua cabeça fervia, mas não reclamou. Olhou para a luz do Sol e sentiu saudade do tempo que não tinha consciência dos problemas que a rodeava.
No ônibus, o telefone toca. Mônica atende sorrindo de alegria e fala com entusiasmo: - Que saudade! O que temos para hoje?... Tá bom, eu irei sem falta! Está tudo ótimo! Abraço. O sorriso manteve-se em seu rosto com o que a pessoa falou do outro lado da linha demonstrando aquilo que todos queriam ver, supondo ser feliz a amargura que nas noites vazias devera sente.

Mara Farias

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