quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O ÚLTIMO POEMA

ONDE O SONHO MORA

Seu Nilo trabalha no edifício Dom Bosco há vinte anos, e mora com sua família lá também. Faz três anos que ele voltou a estudar, terminou o ensino médio e passou no vestibular no curso de direito, esse é um objetivo que ele lutou com sacrifício e perseverança.
Na noite do assassinato de Larissa, como de costume, Seu Nilo estava estudando sentado em uma cadeira na calçada do prédio com um livro apoiado nas pernas. Ele viu um rapaz andando rápido com o nariz sangrando. Resolveu ajudar.
- Precisa de ajuda rapaz? O que aconteceu?
- Me larga! Não preciso da ajuda de um empregado!
- Calma, a escravidão já passou. Quero apenas ajudar.
- Solta, negro safado!
- Preconceito é crime! – falou irritado e se afastou. Voltou a estudar e não olhou mais para os lados, apenas para o livro, e não viu para onde o rapaz foi. Algum tempo depois, trancou a recepção e foi para sua casa que fica no andar de baixo. Encontrou sua esposa assistindo televisão com a filha que já dormia apoiada nas pernas da mãe.
- Boa noite querida.
- Como foi o trabalho?
- Pouco movimento...
- Me ajuda a botar a Manú na cama. – Seu Nilo pegou a filha no colo e levou-a para o quarto, enrolou-a e beijou seu rosto. Voltou para sala e encontrou sua esposa ouvindo música: - Lembra?
- Nosso casamento... – ele segurou a mulher pela cintura e começaram a dançar.
- Eu estou muito feliz.
- Eu também estou. Eu amo você. - eles se beijaram.
De repente, escutam um barulho, um tiro, Manú entrou na sala assustada.
- Eu acho que é no segundo andar.
- Eu vou lá, fiquem aqui, não saiam.
- Cuidado pai.
Seu Nilo saiu correndo, lembrou de ligar para a polícia, mas ao sair encontrou uma viatura passando na rua.
- Ouvi um tiro no segundo andar! – Os policiais o acompanharam às pressas, bateram a porta das meninas, ouvia-se pedidos de socorro, a porta estava trancada, um dos policiais arrombou-a com um chute, Seu Nilo teve um susto com aquela cena:          - Meu Deus!
- Ajuda!- Adriana gritou.
- Eu vou chamar a ambulância. – Seu Nilo saiu para pegar um telefone. Mas antes, viu um dos policiais segurar Larissa nos braços e correr com Adriana para o camburão. Ligou primeiro para Pedro, o irmão de Larissa: - Pedro... Larissa... Sua irmã levou um tiro, já estão levando para o hospital, a situação é grave. Parece que foi um assalto... OK!
Seu Nilo voltou ao apartamento das meninas, os vizinhos estavam assustados observando a cena do crime e outros acompanharam a movimentação até a rua. Seu Nilo encontrou um dos três policiais no local, tinha acabado de desligar o celular.
- Chamei reforços, permaneça aqui para os peritos falarem com o senhor.
- Eu espero. Eu posso ligar para a minha família? Quero informar que vou demorar...
- Claro.

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