segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O ÚLTIMO POEMA

CARPIE DIEM

          Era noite, Seu Nilo estudava na calçada do prédio. Era aquela mesma noite. Viu aquele mesmo rapaz passando com o nariz sangrando, era Paulo, mas ele pedia ajuda.
- Ei! Rapaz! O que aconteceu?
- Eu fui assaltado. Levaram tudo, até o carro, eu não tenho nem como voltar para casa... – ele se apoiava no ombro de Seu Nilo.
- Venha comigo. Vamos limpar esse nariz, tomar um café para esquentar. Você tem que ligar para seus pais, eles devem estar preocupados!
- Obrigado senhor...
- Pode me chamar de Nilo!- ele o carregava devagar para sua casa.
A casa das meninas estava limpa, não tinha sangue no chão, o centro estava no mesmo lugar, a bola de vidro também.
Adriana havia encontrado o escapulário e corrido ao encontro da amiga para agradecer o presente. Larissa estava olhando o teto, ela teve um susto quando a amiga entrou de supetão.
-Que susto Adriana!
-Você é demais! – Adriana sentou ao lado da amiga.
- Que alegria é essa?
- Só você pra me dar esse presente maravilhoso, obrigada!
- Pra você usar no seu casamento.
- Obrigada por tudo, mesmo.
- Ás vezes, as palavras valem menos que os gestos. – elas se abraçaram.
- Tenha uma boa noite com seu namorado virtual! – Adriana apontou para o computador apitando.
Larissa pulou da cama e sentou a frente da escrivaninha e Adriana saiu.
- O q tá fazendo?
- Tocando 1 música p vc.
- Depois qro escutar...
- O q ñ faço por vc?... eu tenho algo a dizer...
- O q?
- Eu conheço vc.
- Eu sei.
- Eu moro perto da sua ksa.
- Pq vc nunk me disse?
- Eu tinha medo. Mas agora eu me encorajei a dizer qm eu sou.
- E qm é vc?1 tarado?Louco?
- Sempre fui apaixonado por vc. Sou César o vizinho q mora na ksa da frente.
- Quando eu contar até três, a gente corre pra rua!
- 1 -2-3...
Os dois saíram correndo agoniados com os obstáculos, Adriana assustou-se com o barulho da correria, mas não alcançou a amiga, ficou olhando pela janela. César também correu como um louco, desesperado.
Chegaram à calçada e pararam cansados, caminharam devagar, e pela primeira vez, Larissa o olhou com olhos de apaixonada, seguram as mãos, sentiram tremer, era o vento frio. Eles riram meio envergonhados e se abraçaram com um beijo. Depois saíram pela rua andando e conversando sem pensar no tardar das horas.

“Como a vida vale mais que a própria vida sempre renascida.”
Carlos Drummond de Andrade

FIM!

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